segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

Três poemas de Outono...





FALA DE ORFEU

Eis-me chegado ao âmago das coisas 
Onde todas as almas se entrelaçam, 
Radículas de luz levando o ímpeto 
Que faz mover os astros e os átomos. 

Eis-me chegado ao âmago das coisas 
Onde me encontro com tudo o que perdera. 

Eis-me chegado ao âmago das coisas: 
Falta encontrar Quem me guiou.

13/11/2016

*

ORLA

Meteoritos bêbedos afogam-se no mar,
Fragmentos aos trambolhões pelo céu negro
E que eu não vou salvar,
Primeiros versos de poemas, injuriando o desapego
De quem não os quer continuar…

Mas para quê andaimes de palavras
Quando a Altura responde ao meu apelo
E lança escadarias através do vento
E enfeita com flores o seu cabelo
E me escancara as portas do deslumbramento?

28/11/2016

*

QUASE-REPOUSO

Tudo o que acontece é nova ferida
Novo rasgão num corpo destroçado
Outrora sereno e todo inteiro:
O santo corpo da Eternidade.

(Prouvera a Deus que este poema
Não seja mais que um simples arranhão.)


5/12/2016


Fernando Henrique de Passos

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