terça-feira, 31 de dezembro de 2024

E caminhemos para o ANO NOVO, aqui tão perto de nós! Novos tempos, esperanças vivas, caminhos velhos com vias de novidade, avancemos com uma fé imensa dentro de nós, avancemos com o olhar luminoso, avancemos e um vasto sol nos iluminará.
Bom ano de 2025 para todos! 
O caminho é estreito, mas percorrê-lo sem ver como termina e onde termina, é a suprema dignidade da vida humana.
31 de Dezembro de 2024
T.F.P.

quinta-feira, 12 de dezembro de 2024

DOSSIER NATAL / 2024



Cabana do presépio de Jesus



O presépio de Jesus, feito com todas as palavras das crianças, as mais puras entre os humanos. Numa sala da ALDEPA, uma Associação a dar os primeiros passos na construção de caminhos em que a cultura musical se cruza com a sabedoria da Palavra que Deus escreveria na Terra, com a chegada promissora do Salvador. A imagem da Justiça e do Amor em diálogo eterno.
T.F.P.
12/12/2024

                 

O SEGUNDO NATAL DE JESUS CRISTO

"Há de erguer-se povo contra povo e reino contra reino;
 haverá terramotos em vários lugares, haverá fome. Isto
apenas será o princípio das dores"
                                                                    Mc 13, 8



Bendito sejais.
Tudo à nossa volta nos fala tão alto
Do Vosso aguardado regresso
Que quase sentimos já a Vossa presença.
Do clamor das guerras, das doenças, das catástrofes
Nasce o anúncio do Vosso novo nascimento.
 
Que abençoada gruta Vos acolherá desta vez?
Que ditosos pastores Vos louvarão?
 
A Natureza, quase enlouquecida pelos nossos desvarios,
Anseia as Vossas doces palavras de conforto.
Os seres humanos parecem ter-Vos já esquecido
Ou ter-Vos reduzido ao ínfimo estatuto
De lenda bonita mas oca de sentido,
E já só têm por lei os caprichosos ditames dos seus egos.
 
Vem.
Não nos faças mais esperar.
Todos precisamos de Te ver, de Te ouvir, de Te tocar.
Que regresse o vendaval de Amor que tudo sara.
Que regresse a tempestade de Fogo que tudo limpa.
 
Que se cumpra enfim a promessa da Tua Paixão de há 2000 anos,
Mas desta vez sem cruz, nem espinhos, nem chicotes,
E só com o jorrar do mel dessa nascente
Que outrora abriste com a Tua dor.
 
Bem-vindo sejais.

19-12-2024

Fernando Henrique de Passos




CORPUS CHRISTI


Num jardim, vejo as flores
a saltar da terra virgem. E um perfume forte
inebria um Corpo. O do Deus vivo.
Um Corpo que renasceu, depois de morrer.

Viveu na sabedoria, envolto em voz.
Junto dos corpos pôs fim ao sofrimento.
Junto das almas iluminou os pensamentos. 
Não acenou, soberbo, às multidões.
Não recebeu aplausos nem distinções.

Encheu de sentidos novos cada pessoa.
Cansado, sentiu a fadiga a curvá-lo.
Orando a cada instante, não adormeceu
ante os males de tanta gente.

O Corpus Christi oferecia a clemência
aos que se arrependiam, dava a alegria aos amargurados,
curava as dores dos mais flagelados.

O Corpo de Cristo respirava a contingência
e espargia o Amor do Pai. Sentia a beleza da
Virgem Maria, a Sua Mãe.

E transparecia toda a Palavra do Espírito,
a Sua essência.

Cristo, o Corpo de Deus aí está, a guardar-se ainda,
escondendo-se no Seu Coração sagrado e infinito.

Teresa Ferrer Passos in Memória de Paz, Hora de Ler, 2022, págs 36-37    
        



DIZER NATAL

Ainda a pergunta: dizer Natal é dizer ausência ou ausência que nos une?
Hoje, mais do que ontem, é-me absolutamente vital a infância do teu riso.

Facebook, 16/12/2024
Henrique Manuel Pereira




A LUZ ROMPEU A NOITE


Numa aridez da pedra, sombria,
cresciam filamentos a desprezar a vida,
a ignorá-la como se ela nada significasse.
Esquecia as mães a rejeitar a morte dos filhos perdidos
para sempre na batalha que não esperaram nunca.
Uma secura imensa atravessava a boca das mães,
ávidas de beijos nessa espera cheia de futuro.
Os filhos partiam em barcos atulhados de bagagens.
Viam-nos partir. E ficavam com os seus corações partidos,
incrédulos. Quanto desaforo, quanta impiedade. Sobre
o regresso, a incerteza. Quantos imprevistos,
quantas feridas por sarar. Ou a própria morte a ser resposta.
Ansiosas, as mães esperavam. O regresso. Esperavam
numa submissão de revolta atordoada.
Esperavam impotentes.
Esperavam no desespero de nada poder mudar. No silêncio. (...)

Excerto de um poema  de Teresa Ferrer Passos - escrito a propósito da comemoração do 50º aniversário da revolução de 25 de Abril de 1974 - para a revista de cultura libertária A Ideia, II série, vol XXVII, número triplo (104/105/106), Outono 2024.



       

"SOU UM PASTOR DE ESTRELAS"

                                                    
À Teresa Ferrer e ao Fernando Henrique de Passos


Sou um pastor de estrelas. Como um nastro baboso na vereda, a mão (na lentidão dos caracóis) busca, do outro lado, os prados ressequidos. Palmilho os lombos e visto-me desse lume que apenas aos poetas é permitido envergar. Sou um pastor de estrelas pelos campos enxutos, o clarim de um pássaro assustado, a leveza pesada dos espaços. Agora, e sempre, o bebedouro dos versos gorgolejando nos ouvidos. Sou um pastor de estrelas, das searas e dos ventos (sem outra rosa que não seja a ressequida), dos ímpetos cogitados com o vagar das lesmas. Vou pelas hortas matinais espiolhar o tamanho dos frutos, a floração dos ramos. Sou um pastor de estrelas, desses desânimos tardios que me escancaram as portas da poética intimidade, a íntima idade na migração dos segundos, dos minutos, das horas, dos dias e dos anos. Tudo isso…aos pés do poema, no lava-pés da escrita. Sou um pastor de estrelas, quando a tarde se apazigua e o céu é todo um arraial colorido, uma sereia encantatória e o sol? A hóstia derradeira…antes que a noite se faça anunciar. Há, dentro de mim, uma ladainha, um susto suspenso nas ramadas, um sete - estrelo, o incenso suspenso, os ideais rastejantes, o campo de todas as batalhas…Cada poema é um susto, a custo, o busto que nos descreva; com o alvor da esteva, a negridão das gralhas.      

Facebook, 9/12/2024
Manuel Neto dos Santos






E O SALVADOR AQUI, MESMO ASSIM


Dentro do nosso coração, Jesus
é um grito quase infantil a balbuciar
mil silenciosas noites.
Sinto-o como se fosse fantásticos veios de água
a perfurar as horas dos muros 
entreabertos por agulhas de pinheiros
esfarrapados. Pressinto-o nas ondas da agreste visão.
Cadáveres desconhecidos abandonados
nas guerras infindáveis povoam mistérios humanos
que ninguém ainda conhece.
Perdidos nos pântanos que os oceanos
deixaram nas arribas,  
há apenas pequenos peixes que 
nenhum sol ilumina, mas acreditam que existe.
Com uma carapaça estranha no olhar, vou desvendando 
a alma dos sobreviventes aos sofismas
dos humanos escaravelhos a rondar desavindos
as casas escondidas em torres mais altas
que florestas tropicais. Poucos humanos visíveis.
Agora tudo se vai desmoronando. Sem um ruído
tenebroso, o tempo apaga-se dos mapas-mundi.
Que sons restam mais do que escassas palavras absurdas?
Vozes perdidas na solidão foram silenciadas.
Agora não vejo aves a esvoaçar o mais breve sentido do existir.
Anónimos e sem identidade são ainda muitos
os que se exibem em festivais de ídolos.
Felizes são? Como o podem saber?
Uma certeza resta-lhes. Têm uma vida inteira
para conquistar o fabuloso poder de ser eterno.
Veem-no já a parecer desmedido.
Imenso. Único. Não imaginam que
mora vazio nas suas icónicas mentes.
A IA engana-nos, despudoradamente.
E chega a dizer-nos que o Salvador,
nem com os mais largos horizontes do universo,
poderá alguma vez ser olhado. 

18/12/2024                                                   
                                                                    Teresa Ferrer Passos




CORAGEM DE VIVER

(...) «Quando o mundo nos abandona, a solidão é superável, mas quando eu própria sucumbo a esse abandono, a solidão fica incurável.
Por vezes, falta-nos a sabedoria. E para isso, urge ter coragem de enfrentar o espelho da alma, a fim de reconhecer os erros e fracassos e utilizá-los em próprio benefício, ou seja, munir-se de inteligência.
É necessário que sejamos livres de culpas, sobretudo do passado, aquelas em que nada podemos fazer. Também é preciso não nos preocuparmos em demasia com o amanhã, pois há poucas certezas.
Digo sempre que é preciso sonhar, mas sonhar em grande, pois se os sonhos são pequenos, a nossa visão será pequena, incapaz de suportar as tormentas da vida. Só os grandes sonhos regam a existência com sentido. A vida dá muitas voltas. Não podemos pensar que enganamos a vida ou fugimos das voltas que o mundo dá. Tudo muda numa questão de segundos, seja uma vida, uma história ou um pensamento. Basta uma palavra, um sinal ou uma acção para modificar por completo o que até então era considerado certo. (...)»

Excerto de um texto de Graziela Veiga, colaboradora do Diário Insular - jornal da ilha Terceira, Açores. Publicado no Facebook em 16/12/2024.




O GRANDE MAGO INFINITO 


Presépio miniatura da exposição de Luís Figueiredo
no Núcleo Museológico de Santa Comba Dão (divulgado
por Elsa Amaral no Facebook)


Uma estrela tão brilhante na noite escura,
viram os magos do Oriente,
esses que num zigurate da velha  Assíria, estudavam,
havia muito, o sentido do destino.
na noite escura procuram; na noite, não no dia, 
em que a luz excessiva os cegava.
de dia nada desvendavam. nada entreviam.
do destino não sabiam nada.
ora, naquela noite escura demais, uma estrela pequenina
levou-os a uma casa pobre em Belém, no deserto.
aí teriam a resposta ao que procuravam.
a verdade, que magia, que saber imenso, iam conhecer
num instante nunca visto!
o Natal do Menino tinha no seu corpinho franzino
a mensagem de um além bendito,
de um mago como eles, mas um Mago Maior, 
um Mago todo ele Infinito.

24/12/2024
                                                     Teresa Ferrer Passos


***


PRESÉPIO
 no Presbitério da Basílica da Santíssima
Trindade em Fátima. Autoria da escultura Clara Menéres.



                              A  TODOS UM BOM NATAL,

                              UMA SERENA NOITE DE NATAL!


quarta-feira, 11 de dezembro de 2024

Passagem de «Planeta Joyce 8»

 «como Comando do Centro Superior de Vigilância do Império Global, lembrem-se, não posso ceder a estratagemas, a ardilosas maquinações ou a falsos argumentos que parecem ter em vista, antes de qualquer outra coisa, destruir os países que integram o Império da Globalidade e, assim, impor a ordem dos nacionalismos radicais dos estados da revolta unitária! (...) Já quase não tenho dúvidas sobre a vossa incúria e baixo nível tecnológico-científico ... e também vejo que a vossa incompetência só traz prejuízos aos interesses do Império do Sol Poente, a maior potência, alguma vez a dominar, o planeta Terra»

Teresa Ferrer Passos, Planeta Joyce 8 (Romance fantástico), Harmonia do Mundo, 2007, p. 79.

sábado, 7 de dezembro de 2024

A CATEDRAL incendiada em 2019, vive de novo em 2024

 "Os grandes edifícios, como as grandes montanhas, são a obra dos séculos (...) Com certeza há aí matéria para bem grossos volumes e muitas vezes história universal da humanidade, nestas soldaduras sucessivas de várias artes, em várias alturas, sobre o mesmo monumento. O homem, o artista, o indivíduo desaparecem sobre essas grandes massas sem nome de autor; a inteligência humana resume-se e totaliza-se aí. O tempo é o arquitecto, o povo é o operário".

Victor Hugo, Nossa Senhora de Paris (1ª edição francesa, 1831), 1º volume, Livraria Chardron, Lelo & Irmão, Porto, s/d, p.137.

domingo, 1 de dezembro de 2024

Um poema inédito

 REFLEXOS NO INTERIOR DE UMA CLEPSIDRA


Oh vitrais virtuais das catedrais elétricas
Que encerrais os sonhos devastados de meu pai
Nas vastas galerias geométricas
Onde o sopro do espírito se esvai:
− Devolvei-me o vosso prisioneiro!
Oh lírio com medo de crescer
Que buscavas a sombra de um convento
E me deixaste a luz do querer crer
A mim, teu filho, como em testamento:
− Saberei merecer ser teu herdeiro!
Oh "sonhos não sonhados" de Pessanha,
Cores avistadas num país perdido,
Guardadas na ala mais estranha
Do museu dos monstros sem sentido:
− Resgatar-vos-ei do cativeiro!

18/4/2016

Fernando Henrique de Passos


Um poema inédito do Fernando publicado no Facebook com os seguintes Comentários:

"A candura das paredes de um mosteiro aberto nas nossas almas, é poesia".
"A beleza da poesia nasce precisamente no silencioso mosteiro que é a alma dos Poetas com maiúscula..."
Teresa Ferrer Passos

"BELO POEMA, DE PROFUNDA RESSONÂNCIA"
                                                                            TERESA RITA LOPES