CORDEIRO PASCAL, pintura de Josefa de Óbidos (datação incerta entre1660 e1670) |
CHRISTO
« Minha mãe, quem é aquelle
Pregado n´aquella cruz?
- Aquelle, filho, é Jesus...
É a santa imagem d'elle!
Pregado n´aquella cruz?
- Aquelle, filho, é Jesus...
É a santa imagem d'elle!
«E quem é Jesus? - É Deus!
«E quem é Deus? -Quem nos cria,
Quem nos manda a luz do dia
E fez a terra e os céos;
«E quem é Deus? -Quem nos cria,
Quem nos manda a luz do dia
E fez a terra e os céos;
E veio ensinar à gente
Que todos somos irmãos,
E devemos dar as mãos
Uns aos outros irmãmente:
Que todos somos irmãos,
E devemos dar as mãos
Uns aos outros irmãmente:
Todo amor, todo bondade!
«E morreu? - para mostrar
Que a gente pela Verdade
Se deve deixar matar.
«E morreu? - para mostrar
Que a gente pela Verdade
Se deve deixar matar.
João de Deus, Campo de Flores, Lisboa, Imprensa Nacional, 1893 (com Observações Prévias de Theophilo Braga), pág. 373.
***
SENHOR
Senhor se da tua pura justiça
Nascem os monstros que em minha roda eu vejo
É porque alguém te venceu ou desviou
Em não sei que penumbra os teus caminhos
Nascem os monstros que em minha roda eu vejo
É porque alguém te venceu ou desviou
Em não sei que penumbra os teus caminhos
Foram talvez os anjos revoltados.
Muito tempo antes de eu ter vindo
Já se tinha a tua obra dividido
E em vão eu busco a tua face antiga
És sempre um deus que nunca tem um rosto
És sempre um deus que nunca tem um rosto
Por muito que eu te chame e te persiga.
*
O TEU ROSTO
É o teu rosto ainda que eu procuro
Através do terror e da distância
Para a reconstrução de um mundo puro.
Sophia de Mello Breyner Andresen, "Mar Novo" in Obra Poética, II, págs.46 e 47.
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DOMINGO DE RAMOS
«Uma grande multidão, cortava ramos das árvores e espalhavam-nos pelo chão. E todos diziam em altos brados: ‘Bendito seja aquele que vem em nome do Senhor! Hossana nas alturas!’»Mt 21, 8-9
Um jumento aproximou-se. Tocou as suas mãos.
O lombo pôs a jeito. Jesus subiu.
Em alvoroço, o animal seguia à frente
da correria dos jovens descalços,
das crianças em algazarra e dos velhos ávidos
da atenção daquele profeta emergente que olhavam
como o Messias, o prometido, havia tantos séculos.
O profeta Zacarias o tinha propagado.
Com que pormenores o previra!
O povo sábio não o esquecera ainda.
E a esperança estava viva nele
como no curso de um rio vasto a penetrar no mar.
As palavras sábias que o tinham anunciado
tiniam na sua memória a dourar-se
de futuro, um futuro aberto à vida,
toda a renascer,
sem sombra de guerras,
sem derrotas amargas.
E a paz vaticinada no tempo Antigo,
seria a lei maior que já não se romperia,
não se ia perder nunca,
como antes acontecia.
24/3/2024
Teresa Ferrer Passos
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TEOLOGIA PASCAL EXPERIMENTAL
Rezo com o corpo.
Como é que se reza com o corpo?
Reza-se com o corpo desligando as tensões do corpo.
Abrindo uma clareira de paz
nesse perpétuo campo de batalha que é o tempo
devido às múltiplas incertezas do futuro.
(E a irmã da irmã paz é a irmã mansidão,
capaz de suportar a tensão de um coração contrito
até a transformar em mel.)
Rezar com o corpo é anular a base fisiológica do medo
abrindo espaço para o amor.
Rezar com o corpo é seguir a estratégia
de aniquilar as causas suprimindo os seus efeitos:
Aniquilas o medo suprimindo a tensão nervosa
e suprimes a vontade própria aniquilando o medo,
pois o teu medo é o efeito da tua vontade
e a tua tensão é o efeito do teu medo.
Então já estás a caminho da Páscoa!
Deixa Jesus Cristo entrar por essa clareira de paz
que tu mesmo abriste no teu coração.
Deixa a vontade de Jesus Cristo substituir
a vontade própria que tu próprio suprimiste.
Deixa o mel correr pelas tuas veias como novo sangue.
Deixa-te governar pela doçura do amor.
Nessa altura o teu eu egoísta terá morrido
e tu terás ressuscitado como irmão do Cristo.
E tudo terá acontecido
por teres aprendido a rezar com o teu corpo.
30 de Março de 2024 (Sábado de Aleluia)
Fernando Henrique de Passos
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BOA PÁSCOA!
NA MEMÓRIA DE JESUS RESSUSCITADO