Um Altar da Igreja de Nossa Senhora da Conceição em Alcantarilha, Silves |
No 30º aniversário do nosso casamento
O tempo é célere como a luz,
pensava naquele tempo ázimo. Como se não tivesse tempo para esperar
pelo dia mais alto do calendário,
olhava o relógio e via as badaladas perdidas,
vagas, a desfazerem-se sem fim.
O dia esperado revestia-me de uma espera
ardente e luminosa.
Mas as horas avançavam lentas,
enquanto o dia tombava incerto.
Só o crepúsculo começou a serenar-me
como se a luz ofuscada desesperasse da espera.
As trevas caíam enfim. Era noite e eu não
sabia se haveria manhã. A dúvida sucumbia-me.
Sentia-me sem espaço perante um tempo estranho.
Tudo era confuso. As ideias um turbilhão.
Uma maré obscura vi dentro de mim, a escuridão
escorregava sobre a hora única.
Adormeci com um indefinido cansaço.
A manhã renasceu-me. Inesperada. O sol crescia dourado
como nunca antes. Uma voz soava além.
Suave, demasiado suave. Redentora.
Plena de luz atravessou-me. A minha escuridão
esvaziava-se de sentido.
Então, caminhei. Iluminada
pela tua imagem. Ao altar subi.
19 de Fevereiro de 2024
Teresa Ferrer Passos
Teresa Ferrer Passos
***
CARTA POÉTICA (um pequeno excerto)
que o Fernando me ofereceu esta manhã:
«(...) Uma poesia só para ti. Uma poesia tão vasta como um oceano sem fim que
navegador algum pudesse cruzar de uma lado ao outro, de Leste para Oeste, ou de
Norte para Sul, um oceano novo, um oceano de um género desconhecido, um oceano
sem margens nem pontos cardeais, um oceano polvilhado por inúmeras ilhas, e
todas elas seriam a Ilha do Amor, do Nosso Amor. (...)»
19/2/2024
Fernando