Perante uma calamidade devastadora, «levantou-se a voz do profeta Jeremias convidando a que reconhecessem os pecados, as culpas cometidas» (...) Na interpretação que Jeremias dá aos sofrimentos do seu povo, vejo a necessidade de que as nossas comunidades cristãs, saibam "reconhecer os sinais dos tempos", a iniquidade do homem e "os nossos pecados".
Daqui a urgência de sermos intercessores da humanidade inteira. Devemos levantar os braços como Moisés e como Samuel, para pedir misericórdia para nós e para os nossos irmãos. (...)
Se todos, sacerdotes e leigos, são chamados a viver a exigência da misericórdia, é sobretudo nos lugares de oração, onde melhor se intui o sentido das tragédias humanas, onde, com toda a verdade, se pode exprimir essa exigência. (...)
É necessário "sentir o drama da luta entre Deus e satanás", que se está a desenvolver no mundo».
Cardeal arcebispo de Milão Carlo Maria Martini, «O Deus Vivo. Reflexões sobre o profeta Elias», Gráfica de Coimbra, Coimbra, 1997, pp.162-164.