terça-feira, 24 de agosto de 2021

MEMÓRIA DE MEU AVÔ JOSÉ BERNARDINO

 


“SANTA MÃE”

 

                        Ao meu avô José Bernardino (1888-1962)

                      

Recordo-te na memória imensa da tua “santa mãe”,

assim dizias, como se uma brisa leve

passasse de súbito no teu coração

inquieto e triste. A sua memória era uma

chuva branda a humedecer-te os olhos.

Guardavas dela a lembrança de uma ternura ímpar

que te bafejara desde o nascimento

na casa do perfume dos figos

e das alfarrobas, que se alargava à rua

da pequena Alcantarilha. E a tua voz saudosa

vibrava na cidade distante, o amor da “santa mãe”.

Para ti, ela não cabia na ausência da morte

e davas-lhe a presença nas festas dos dias

de Natal, da Páscoa, dos aniversários…

Ela, a tua “santa mãe”, estava sempre

nessas duas palavras comoventes

vindas da tua alma perdida de carinho.

Ao dizeres "santa mãe”, acendias a candeia

da sua memória e eu, criança ainda,

escutava, julgando ouvir uma oração.

 24/8/2021

                                          Teresa Ferrer Passos

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