sábado, 28 de agosto de 2021

No dia dos meus anos

Logo pela manhã, recebi um lindíssimo poema ("Nos teus anos") de parabéns do Fernando, como é tradicional, desde o nosso casamento.

Aqui reproduzo os primeiros versos:
«Gosto do dia dos teus anos / porque significa que nasceste / e se não tivesses nascido / não estarias hoje a meu lado. (...)».


Escrever com a emoção nas linhas e entrelinhas da poesia, traz-nos a vida que se vai consumindo nos anos e que o tempo não sabe ou não consegue apagar.
9/8/2021
                                                                      T.F.P.

sexta-feira, 27 de agosto de 2021

No pequeno cacto, a grande flor

Grande flor branca (a primeira) nascida esta noite num pequeno cacto da minha varanda.

 

A vida é tão fácil e, às vezes, há quem a torne tão difícil.
 
 27/8/2021
                                                                                T.F.P.


terça-feira, 24 de agosto de 2021

MEMÓRIA DE MEU AVÔ JOSÉ BERNARDINO

 


“SANTA MÃE”

 

                        Ao meu avô José Bernardino (1888-1962)

                      

Recordo-te na memória imensa da tua “santa mãe”,

assim dizias, como se uma brisa leve

passasse de súbito no teu coração

inquieto e triste. A sua memória era uma

chuva branda a humedecer-te os olhos.

Guardavas dela a lembrança de uma ternura ímpar

que te bafejara desde o nascimento

na casa do perfume dos figos

e das alfarrobas, que se alargava à rua

da pequena Alcantarilha. E a tua voz saudosa

vibrava na cidade distante, o amor da “santa mãe”.

Para ti, ela não cabia na ausência da morte

e davas-lhe a presença nas festas dos dias

de Natal, da Páscoa, dos aniversários…

Ela, a tua “santa mãe”, estava sempre

nessas duas palavras comoventes

vindas da tua alma perdida de carinho.

Ao dizeres "santa mãe”, acendias a candeia

da sua memória e eu, criança ainda,

escutava, julgando ouvir uma oração.

 24/8/2021

                                          Teresa Ferrer Passos

domingo, 15 de agosto de 2021

DA TERRA AO CÉU


«Ao espalharem-se sem rumo,
tornaram-se presas fáceis
e alimento para todos os animais selvagens»
                            Ez 34, 5-6


No dia da Assunção, Maria,
viu do céu todos os corações ofendidos.
Viu a dispersão dos filhos desavindos,
uns abandonados em fragas,
outros em terra dura, ressequida
e tantos entre raios de sol a queimarem insaciáveis.

Derrubados pela injusta palavra de alguns,
as simples gotas de água das anémonas
e dos narcisos secavam, desgostosas.
O fogo vibrava fagulhas e vagueava vitorioso nos
férteis rebentos de róseas amendoeiras.
A cálida planície enegrecia de fumo vasto.

Foi nessa hora amarga que tombou do céu
o manto branco de Maria.
Nele envolvidas, vinham as suas faces
com as lágrimas vertidas pelo mundo todo.

No céu, a Mãe enternecida
recolhia-as e chorava com os filhos.
Daqui. Da terra.

Dia da Assunção de Nossa Senhora ao Céu

Teresa Ferrer Passos