quinta-feira, 31 de dezembro de 2020

Publicação, em 2020, de «Stabat Mater» (ensaio teológico-literário)



«Stabat Mater» acabado de publicar, é uma obra assente em três pilares - "Anunciação", "Magnificat" e "Aparições de Fátima".

Aqui, em torno da protagonista Maria, Mãe de Jesus, ofereço uma perspetiva nova em que teologia e literatura se entrelaçam e se enriquecem mutuamente.

Com votos de Bom Ano Novo, vos apresento, após ter recebido os exemplares da editora, a capa de «Stabat Mater» com a imagem de "A Virgem e o Menino" da autoria do escultor Euclides Vaz.

31/12/2020
Teresa Ferrer Passos

quinta-feira, 24 de dezembro de 2020

NOITE DE NATAL


Nas trevas, brota a luz intensa.
E o silêncio ouve-se.
Em cada instante, o renascer de um ser solitário acontece.
E a solidão existiu em Deus incarnado,
ali, num obscuro lugar da pequena Belém, na Judeia.
Foi há dois mil anos. Continua hoje.

24/12/2020
                                                 Teresa Ferrer Passos

sexta-feira, 11 de dezembro de 2020

DOSSIER

NATAL 2020 


O nosso presépio


«E mais alto, as estrelas. Novas. As estrelas do País da Dor.

Lentamente, a Lamentação nomeia-as: - Olha,

olha: o Cavaleiro, o Bastão e a constelação mais cheia

a que chamam Coroa-de-Frutos. Depois, mais além, perto do                                                                                                         [pólo:

Berço; Caminho; O Livro Ardente; Boneca; Janela.

Mas no céu do Sul, puro como no interior

de uma mão abençoada, o "M" que brilha tão claro,

e que significa as Mães...»

        Excerto da 10ª Elegia de Duíno in Rainer Maria Rilke, As Elegias de Duíno, Assírio & Alvim, 3ª edição, 2020, pág.115.



RÉPLICA 

 Tu! disse a voz sem som

  O olhar que amas ao espelho

nada vale,

pois deve ele apagar-se

defronte ao que te peço

  

Olha os meus dedos:

não sou eu que peço:

é Ele

que te ordena

  

O eco que não sentes:

nada vale,

resta-te só dizer

em mim se faça

  

(E fecha o livro

porque os livros

não prestam)

  

        Ana Luísa Amaral, Ágora, Assírio & Alvim, 2ª edição, 2020, pág. 17.




DESDE HÁ DIAS QUE TE ESPERO


Desde há dias que te espero

e não sei de onde vens nem como és.

Vejo-te numa flor,

mas tu és o humilde tojo do monte.

Vejo-te no mar,

mas tu és a discreta gotícula de água

molhando a terra.

Vejo-te na imponente tempestade,

mas tu sopras leve e passas.


Espero-te

e tu existes dentro de mim

a cada instante.


Carlos Lopes Pires, O Livro dos Salmos (poemas de redenção e nada), ed. Autor, Leiria, 1994 pág. 45.


CHRISTO


«Minha mãe, quem é aquelle

Pregado n'aquella cruz?

 - Aquelle, filho, é Jesus...

É a santa imagem d'elle!


«E quem é Jesus?  - É Deus!

«E quem é Deus?  - Quem nos cria,

Quem nos manda a luz do dia

E fez a terra e os céos;


E veio ensinar à gente

Que todos somos irmãos,

E devemos dar as mãos

Uns aos outros irmãmente:


Todo amor, todo bondade!

«E morreu?  - Para mostrar

Que a gente pela Verdade

Se deve deixar matar.


João de Deus, Campo de Flores - Poesias Líricas Completas, Edição Authentica e Definitiva, Lisboa, Imprensa Nacional, 1893, pág.372. 


AGNUS DEI


                        À amiga Teresa Bernardino [ortónimo de Teresa Ferrer Passos]


Quando o sol à tardinha deixa a cruz

Do vasto firmamento desmedido,

A noite vem cantar ao meu ouvido

Um salmo que, de tão calmo, seduz...

Meus acerbos de ateu, onde é que os pus?


Manuel Neto dos Santos, Trovas de um Homem da Terra, Edição de Autor, 1991, pág. 12.



O IMPOSSÍVEL, FAÇA-SE EM MIM 


A palavra do anjo cai no silêncio
dum instante:
“Nada é impossível,
tudo o que acontece é irreal,
Tu és a cheia de Graça”.

“Faça-se em mim o impossível,
porque a Ele conheço-o,
está dentro de mim, percorre-me
o sangue, a voz e sinto que o seu
silêncio mora em mim”.

Ficou sozinha. Meditou:
Aquele que está fora de mim, sinto que
a esse não posso amar, não o conheço,
não passa pelo meu dentro
profundo, distante, indizível.
"Faça-se em mim o impossível".

22/12/2020
                        Inédito de Teresa Ferrer Passos


NATAL IRREAL 

Um anjo me soprou 
Pouco antes do Natal 
Que nada é impossível 
Pois tudo é irreal. 

Nos Céus e sobre a Terra 
Ergueu-se um vendaval 
De Amor e Redenção 
E Paz Celestial. 

A virgem deu à luz 
Um Príncipe Real, 
Nascido numa gruta, 
Humilde e serviçal. 

E o Verbo se fez carne 
Na noite de Natal 
Pois nada é impossível 
Se tudo é irreal. 

23/12/2020
                    Inédito de Fernando Henrique de Passos




Que este Natal
seja vivido no recolhimento silencioso do lar.
Não mais famílias tristes pelos mortos da pandemia!
E no Novo Ano,
quase a nascer, nos seja oferecida
                 a Boa Nova de um novo encontro de paz...                                                        


quinta-feira, 10 de dezembro de 2020

A POESIA

Cada poema é como um oceano inacabado. Não envelhece enquanto o seu autor o puder alterar.
  
10/12/2020
    T.F.P.

terça-feira, 8 de dezembro de 2020

A CULPA DA MULHER


A Imaculada do Escorial
de Bartolomé Esteban Murillo
(1617-1682)


Acorrentada à origem do mal, a mulher é acusada
de crime tremendo. Carrega uma provação.
Sofre o destino de transmitir o prepotente poder
do mal e com ele da própria morte humana.
Nefasta imagem paira sobre a mítica "Eva",
a mulher apontada no "Génesis" judaico
como a culpada. Não o homem, não o homem.

Os homens dizem, ao longo dos milénios, 
a culpa é da mulher.
.................................................................

Porém, Deus interroga-se. Será ela a responsável
de tamanho desacerto, ou terei sido Eu
a cometê-lo na grande construção?
Sim, fui eu, reconheço.
Como desfazer tão injusta condenação?
E se eu incarnasse, se fosse homem e me condenassem à morte injustamente, para resgatar o peso de tal "fatum"? 
Se me libertasse das minhas próprias leis?!
Num instante infinito, ouviu-se um clamor:
"Vou incarnar, vou lançar uma ponte para salvar
do anátema a Mãe de tantos inocentes".

E Deus olhou uma outra mulher, a puríssima Maria.
A sua sombra amplíssima talvez bastasse, se 
ela aceitasse. E Maria disse: "Faça-se em mim".
Maria, foi a Imaculada mulher. Depois, o Filho,
com o sacro-ofício tornou-se o Redentor.
Foi assim que seu filho, Jesus,
tornou o bem mais poderoso do
que o mal e a humanidade pôde libertar-se dele
e da própria morte, Seguindo-O.


Houve um erro na Minha construção.
Por isso, Eu quero sofrer a Paixão até à morte.
Depois, vencerei a morte como humano e divino.
E a mulher "culpada" ganhava uma nova identidade.
Deixaria de suportar o peso da "culpa".
Maria e Jesus rompem com a morte e, ao alcance de todos,
a vida eterna eclode. Só que nem todos acreditaram.
E, para muitos, a mulher continua culpada... 

Dia da Imaculada Conceição, 8 de Dezembro de 2020

Teresa Ferrer Passos

sexta-feira, 4 de dezembro de 2020

Postagem de Fernando Henrique de Passos no Facebook (Por intermédio de Francisco S.N.Lobo) a propósito da frase de Eduardo Lourenço:
«Gostava de acabar os dias reconciliado com o mundo, e sobretudo saber que mundo foi este em que vivi e o que é a vida. Sei disso tanto agora que tenho quase cem anos como quando tinha dois anos.»

Comentários:

1º Sim, sou cristão. Mas nem Jesus Cristo nos explicou porque é que existem dois Mundos, o Bom e o Mau, nem porque é que nascemos no Mundo Mau.

Fernando Henrique de Passos


2º Fernando,, sou agnóstico com tendências ateistas, não me enveredo por aí...

Francisco S. N. Lobo


3º O mito bíblico do "dilúvio" e as suas causas, pode representar a falha (o erro) assumida, na Criação, pela Transcendência; a Sua incarnação (suplício, morte e ressurreição) - Jesus - terá sido o meio entrevisto para resgatar a humanidade do mal (de que é vítima) e dar-lhe uma 2ª via com a imortalidade pós-morte física, no Seu reino (espiritual) que nada tem a ver com este mundo (material/espiritual).

Teresa Ferrer Passos

(in Facebook, 4/12/2020)