quinta-feira, 31 de outubro de 2019

«Se nós estamos diante de Deus rendidos à sua misericórdia e à sua infinita capacidade de nos refazer, de nos fazer e perfazer, então Deus pode trabalhar-nos!»
   
Cardeal Manuel Clemente (Twitter, 28/10/2019)

«Na verdade, se Deus pode trabalhar-nos, é porque nós temos já algum mérito para Ele. Se não tivermos já algum mérito, como nos poderá trabalhar? É perigoso dizer para se recorrer apenas à misericórdia de Deus...»
   
Teresa Ferrer Passos  (Twitter, 31/10/2019)

***

«Ter bondade no coração é o caminho para pertencer a Deus.»
    
Teresa Ferrer Passos (Facebook, 31/10/2019)

terça-feira, 29 de outubro de 2019

Poema-memória/29-10-1993 (Teresa e Fernando)

Nau dos Corvos- esplanada
NAU DOS CORVOS/1993
    
na longínqua Nau dos Corvos
tão distante ela se encontra
um lugar junto ao mar
mais belo que todo o mundo.
a maresia habitava-a o sargaço também
e a espuma benfazeja elevava uma quimera
impossível de dizer impossível de conter.
no teu cansaço sem voz
no meu silêncio arrastado
silenciada pelas ondas
ouvi teu brado intenso
escutei tua inquietude
descobri teu olhar doce

quando ouvi a voz do mar
dentro dela a tua voz irrompia
com firmeza maior que o profundo.
com o ímpeto de uma só palavra
eu respondi-te. "sim".
  
29/Outubro/2019
                                    Teresa Ferrer Passos




NA TERRA ONDE O SOL SE PUNHA

Na terra onde o sol se punha
Certo dia o sol nasceu.
Abri a boca de espanto
E até o céu estremeceu.
Abri a boca de espanto
E comecei a falar
Cansado do meu silêncio
Cansado de me calar.
Cansado do meu silêncio
Falei-te do meu amor.
Subiu mais no céu o sol
E o dia ganhou mais cor.
Subiu mais no céu o sol
Com o teu sim benfazejo
E a terra onde o sol se punha
Despertou no nosso beijo.
 29/Outubro/2019
                    Fernando Henrique de Passos

sábado, 26 de outubro de 2019

Um Poema


sol nascente


Num olhar negro, sem olhar, um café,
uma mesa entre livros com folhas de jardim,
uma hora a tremer de vento, uns dedos magros de sono,
um caminho estreito, uns troncos molhados de verde,
uma sombra, um banco de pedra...
A vir de longe, ouvi a tua voz a entoar um olhar novo,
e, em frente, parecia-me ver, obscuro, um Sol Nascente.

Teresa Ferrer Passos


in Teresa Ferrer Passos e Fernando Henrique de Passos, A Montanha ou a Peregrinação do Amor, Hora de Ler, Leiria, 2019, 1ª parte - "No teu espaço de voz ouço-te em oração", pág. 16.

sexta-feira, 25 de outubro de 2019

Um poema


a aldeia

o sol-pôr entoa a luz
dando-lhe outra luz:
e a aldeia gira à sua volta.
as hortas esverdeadas olham à volta
e as casas amarelecidas
apinham-se em forma
de alcateia de lobos serenos.
não há pessoas no caminho dos rebanhos
e cada ovelha se une à outra
sem se perguntar porquê.
o pastor que é uma criança
também não interroga.
sabe apenas que está pronto
a segui-las toda a vida.

25/10/2019

                          Teresa Ferrer Passos

Ciência sem Epistemologia

Albert Einstein (1879-1955)

«"A relação mútua entre epistemologia e ciência tem características dignas de nota. Dependem uma da outra. A epistemologia privada do contacto com a ciência torna-se um sistema vazio. A ciência sem epistemologia - se é que, nestas circunstâncias, se pode sequer falar de ciência - é primitiva e desordenada"»
                                             Albert Einstein

in Gerald Holton, A Cultura Científica e os seus Inimigos - O Legado de Einstein, (Tradução de Fernando Henrique de Passos), Gradiva, Lisboa, 1998, pág. 222.

quinta-feira, 24 de outubro de 2019

Um poema


DA FOTOSSÍNTESE À RESPIRAÇÃO 
   
Penso melhor ao pé das árvores: 
as raízes trazem-me os sonhos 
da terra e das sementes; 
as folhas bêbedas de luz 
contam-me os segredos das estrelas; 
os troncos verticais são mais direitos, 
na sua perfeita imperfeição, 
que as retas dos geómetras; 
as flores têm toda a sabedoria 
do tempo e da mulher; 
e os frutos são de uma certeza tão límpida e desperta 
que envergonha o sonolento teorema dos sólidos perfeitos. 

Penso melhor ao pé das árvores, 
onde quase não separo o pensamento 
do suave tumulto dos átomos gasosos 
transportando até aos meus pulmões 
o verde aroma fresco 
do bosque que amanhece. 
   
15/10/2015

                       Fernando Henrique de Passos
É bom responder à violência com a paz, mas não podemos deixar de dizer a verdade, como disse Jesus. Sem medo.
   
Facebook, 21/10/2019
T.F.P. 

quarta-feira, 23 de outubro de 2019

Oração

Porque orar é conversar continuamente com Deus, é escutá-Lo, é esperar a sua chegada a todo o instante, é Ele nos encontrar sempre presentes n'Ele.
23/10/2019
Teresa Ferrer Passos

Jesus, «o mar desmedido»


«Deixei-me agitar como se recebesse as largas vagas de uma poderosa força de mar. O absoluto do mar vagueou no meu olhar. O mar desmedido encheu o meu corpo. Apercebi-me de que o seu poder misterioso crescia em todo o meu ser. Parecia-me com uma onda em busca de espaço para amar cada pequeno grão de areia. Muito além da maresia. Ao longe, erguia-se a diferença.»

Teresa Ferrer Passos, Jesus até ao fundo do coração, Chiado, Lisboa, 2016, pág.138 (passagem postada no Facebook pelo Fernando Henrique de Passos).


segunda-feira, 21 de outubro de 2019

UM POEMA:


a lagoa secreta

Pétalas transparentes no fundo de um lago profundíssimo.
É tudo tão límpido que a custo posso ver.
A luz provém do interior de cada gota de água
E cada pétala tem palavras numa língua muito antiga.
Nadamos de mãos dadas
Enquanto esperamos que se acostume o nosso olhar
à nova claridade.

Fernando Henrique de Passos

in Teresa Ferrer Passos e Fernando Henrique de Passos, A Montanha ou a Peregrinação do Amor, Hora de Ler, Leiria, 2019, 2ª parte - "Para onde o meu regato se encaminha", pág. 55.

domingo, 20 de outubro de 2019

À VACA (Ode)


Na tua carne mansa inscreves o teu nome
Como um terno bafo da respiração quente.
E escultura amena e delirante descobres
Deitada no palheiro a tua sina.

Pareces na pequenina gruta uma fábula de Esopo.
Toda secreta e evanescente és dourada
Pela divina vida a saltar na noite serena.
O teu pêlo ralo é seda aveludada
A parecer-se com um áureo poente!
E sem ruído embalas a fantasia do grito
Como música de lira a vibrar a alquimia...

                                                Teresa Ferrer Passos

in Teresa Ferrer Passos e Fernando Henrique de Passos,  Retábulo, Universitária Editora, 1ª edição, Lisboa, 2002, Parte I - Odes para um Novo Presépio, pág. 21.

quinta-feira, 17 de outubro de 2019

Um poema



CRÓNICA DOS CONFINS DA CIDADE

Um muro no centro da manhã de névoa
Um graffiti grotesco espantado ante o espanto dos transeuntes
Nos subúrbios do subúrbio
Onde a cidade e o bosque se entrelaçam
Dando origem a criaturas verdes de olhos desbotados
Mastigando líquenes
Mastigando caliça das paredes

Desceu agora de elevador um fauno triste
De musgo na lapela
Desfolhando notícias amarelentas
Com a gravata a cair verticalmente
Por falta de uma brisa
O fumo acre do cachimbo
Fazendo verter gotas de orvalho dos seus olhos

Há um poço onde uma fada se olha ao espelho
Enquanto esmaga distraída a ponta do cigarro
Que distraidamente acaba de fumar
Suspirando como quem espera alguma coisa
De que entretanto se esqueceu

Um ser pequeno atarracado
Debruça-se sobre um maço de papéis
Empunhando uma minúscula caneta
Com a qual escreve versos desvairados
Sobre cidades nunca imaginadas
Onde não há árvores nem verdura

Um caminho de lajes conduz ao underground
Em cujos túneis húmidos sombrios
Circulam vagões cheios de esmeraldas
Das quais algumas resvalam às vezes para os trilhos
Produzindo mil estilhaços de esperança
Sobre os quais se precipitam melancólicas hordas de duendes

Lá fora à superfície
No centro de tudo ainda o muro
E os fantasmas vegetais
Deambulando entre os dois lados
E o monstro entre as letras absurdas
Entre as cores cansadas e os rostos
Translucidamente passageiros dos transeuntes
De espanto hipnótico estampado
No olhar perdido entre carreiros

Confins do haver-rumo
Placas e letreiros caídos pelo chão
Servindo de pasto aos cogumelos
E à alegria sonolenta
De não se saber se se é um sonho
Ou algum poema de um anão
Esquecido do projecto de escrever
Sobre um mundo diferente do seu mundo
  
3/11/2012
  
                        Fernando Henrique de Passos








quarta-feira, 16 de outubro de 2019

Instantes de realidade

Porque as árvores nos guiam para o Alto e a paciência nos cultivam nos instantes.

16/10/2019   
T.F.P.
 * **
   
Todo o pensamento de fortes rajadas no assento dos dias: deixemo-lo ficar nos espaços sem espaço das linhas de um ecrã; depois, guardemo-lo nas páginas imprevistas de um livro, para tocarmos um instante da realidade.

16/10/2019
T.F.P.

segunda-feira, 14 de outubro de 2019

«Em Teu Ventre» (uma passagem de)



«AS VOZES CONTORCEM-SE NA ESCURIDÃO DO QUARTO.
O fôlego de Lúcia segue um compasso diferente da respiração
das irmãs: interrompe-as ou prolonga-as. Há meses que sente
uma carga sobre o coração, permanente, sem descanso. Em instantes,
como agora, essa carga seca-lhe a garganta, precipita-lhe um pânico que
faz latejar as têmporas. As vozes contorcem-se dentro de Lúcia,
não apenas dentro da cabeça, parece-lhe, mas no interior mesmo da carne:
as vozes correm-lhe pelas veias»

(...)

«Entre o infinito do céu
e o infinito da terra, existe
o teu infinito, igualmente
desmedido e ilimitado.
Mãe, o tempo não é capaz
de conter-te.
Mãe, morte e amor.
Mãe, esperança.»

José Luís Peixoto, Em teu Ventre (novela sobre o tema das Aparições de Fátima),
Quetzal, Lisboa, 2015, pp. 134 e 163.

domingo, 13 de outubro de 2019


APARIÇÃO DE MARIA

Em cada imagem, há um sentido
próprio, inviolavelmente belo.
A imagem pronta para os olhos ávidos
de coisas, coisas sensíveis,
tão em si mesmas visíveis.
E a imagem é a Senhora
mais luminosa do que o Sol.
Viram os mais pequeninos.

Que força possuiu Maria, a descer do céu!
Que impetuosa ascensão para a Sua morada!
Que imagens a maravilhá-los…
Apareceu Maria, como uma estrela intensa,
distante ou cheia de proximidade?
Que sensação vê-la ali, quase ao lado deles,
a transcendê-los e igual à sua imanência!

Oh aparição de Maria, nesses dias 13
do ano de 1917!
Senhora, cercada de relâmpagos de luz e,
ao mesmo tempo, com palavras iluminadas de fé,
uma fé visível,
tão visível de significados,
como sentiram os olhos das crianças.
Oh imagem bela e perfumada! Oh Maria!
Apareceste como qualquer outra mulher,
apareceste como qualquer outra mãe.
Imagem de Maria a aparecer
aos mais simples do mundo, as crianças.
E, precisamente, conheceram-na,
de viva voz e com os seus próprios olhos!
   
                              Teresa Ferrer Passos

   in Teresa Ferrer Passos, Vimos mesmo a Senhora do Céu, Textiverso, Leiria, 2018, pág. 11 (este livro recebeu um Apoio do Santuário de Fátima).

quarta-feira, 9 de outubro de 2019

(Oração do dia seguinte)


A Cura                                             
                                             A João Pedro Nobre

Senhor, as Tuas Mãos nas suas mãos

a tocar o doente, quebrado e roto de músculos
(a estalarem em fragmentos insubmissos, esqueléticos),
curam.

Senhor, a Tua Voz na sua voz,

como um hino cuidoso e brando,
resgatam o vigor da alquebrada fibra,
saram.

Senhor, a Tua Compaixão (escondida) na sua compaixão,

apaga a crepitante toada de uma ruidosa fenda.

Senhor, as Tuas Mãos nas suas mãos

rompem o silêncio com uma só palavra:
"anda". O doente caminha,
sem músculos a gemer, como chegara.

Senhor, que subtil cura! E Tu, Senhor, "não estavas ali".

A andar, sem músculos a gemer,
o doente cobre-se de espanto
e de uma alegria desconhecida.
   
 9 de Outubro de 2019
                                                    Teresa Ferrer Passos

terça-feira, 8 de outubro de 2019

Extinção


extinção

mares a secar sem sombra de icebergs
sem águas límpidas angélicas
sem o abraço das calmas baleias.
estremeço por não as ver ao longe
seguras da vida e à procura ainda da bela Nínive

neste outono quente que deixa
as folhas tombadas indecisas
a declinarem com o peso do sol
a morrerem numa alegria de vida
   
nós aqui surpresos amortecidos
rasgados de incoerência
apenas a perguntar: que resto é o futuro?

8/Outubro/2019

Teresa Ferrer Passos

domingo, 6 de outubro de 2019

Cântico das criaturas


1 Altíssimo, omnipotente, bom Senhor, a ti o louvor, a glória, a honra e toda a bênção.
2 A ti só, Altíssimo, se hão-de prestar e nenhum homem é digno de te nomear.
3 Louvado sejas, meu Senhor, com todas as tuas criaturas, especialmente o meu senhor irmão Sol, o qual faz o dia e por ele nos alumia.
4 E ele é belo e radiante, com grande esplendor: de ti, Altíssimo, nos dá ele a imagem.
5 Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã lua e as estrelas: no céu as acendeste, claras, e preciosas, e belas.
6 Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão vento e pelo ar, e nuvens, e sereno, e todo o tempo, por quem dás às tuas criaturas o sustento.
7 Louvado sejas, meu Senhor, pela irmã água, que é tão útil, e humilde, e preciosa e casta.
8 Louvado sejas, meu Senhor, pelo irmão fogo, pelo qual alumias a noite, e ele é belo e jucundo e robusto e forte.
9 Louvado sejas, meu Senhor, pela nossa irmã, a mãe terra, que nos sustenta e governa, e produz variados frutos, com flores coloridas, e verduras.
10 Louvado sejas, meu Senhor, por aqueles que perdoam por teu amor e suportam enfermidades e tribulações.
11 Bem-aventurados aqueles que as suportam em paz, pois por ti, Altíssimo, serão coroados.
12 Louvado sejas, meu Senhor, por nossa irmã a morte corporal, à qual nenhum homem vivente pode escapar.
13 Ai daqueles que morrem em pecado mortal! Bem-aventurados aqueles que cumpriram tua santíssima vontade, porque a segunda morte não lhes fará mal.
14 Louvai e bendizei a meu Senhor, e dai-lhe graças e servi-o com grande humildade.
Francisco de Assis
   
(in Fontes Franciscanas, I - S. Francisco de Assis Escritos, Biografias, Documentos, Editorial Franciscana, Braga, 2017, pág. 88)

Novos Cardeais, novos caminhos...


«Temos consciência da compaixão de Deus por nós?»
Interrogação do Papa Francisco, na cerimónia solene da imposição das insígnias cardinalícias aos treze novos Cardeais, entre os quais se contava o português arcebispo D. José Tolentino de Mendonça, Director da Biblioteca e Arquivo do Vaticano, o Poeta-Teólogo, a quem o Pontífice se dirigiu nestes carinhosos termos: «Tu és a poesia». 
Na sua eloquente homilia, Sua Santidade indicou aos Cardeais o exemplo a seguir, afirmando: «Esta consciência era o estado permanente do coração imaculado da Virgem Maria, que louva a Deus como seu ‘Salvador, porque pôs os olhos na humildade da sua serva’ (Lc 1, 48)”». (...) «Concretamente: Tenho compaixão pelo irmão tal, pelo bispo tal, pelo padre tal? Ou sempre destruo com a minha atitude de condenação, de indiferença?». Exemplo maior, o exemplo da Mãe de Deus. 
Teresa Ferrer Passos

(Fonte: Vatican News 5/10/2019)

sábado, 5 de outubro de 2019

Poema azul


Não olho para baixo,
para o que é pó cinzas e nada.
Olho para o alto que não tem pó nem cinzas 
e que é tudo. O tudo está aí, num céu azul
pleno de uma luz fecunda,
luz que fecunda a nossa perda.

5/10/2019 
                                        Teresa Ferrer Passos

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

Um poema


AMOR

Que palavra redonda e delicada,
Que fruto doce e colorido,
Tão diferente do fruto proibido
Como das trevas difere a madrugada.

Que amanhecer de cores entre a verdura,
Que estremecer de folhas tão secretas
Que escaparam à monda dos poetas
E te ornamentam agora a formosura.

Que luzes fantásticas de Outono,
Degraus de sol da larga escadaria
Da qual foi dito que um rei a subiria
E que Eros-Rei sobe hoje até ao trono!

                      Fernando Henrique de Passos

(in Teresa Ferrer Passos e Fernando Henrique de Passos, A Montanha ou a Peregrinação do Amor, Hora de Ler, Leiria, 2019, p. 53)

* * *

«Que luzes fantásticas de Outono», lindo!»
   
Teresa Ferrer Passos 

«29 de Outubro de 1993, a data que esta poesia celebra, bem no meio do Outono...»
   
Fernando Henrique de Passos

«O dia da tua revelação do nosso futuro namoro, já à beira do noivado, a soltares-te, de súbito, de todos os outonos, com palavras a transformarem-se na mais límpida poesia.»
   
Teresa Ferrer Passos

«Um Outono que mais parecia uma Primavera...»
Fernando Henrique de Passos


(Comentários no Facebook, 4/Outubro/2019)

quinta-feira, 3 de outubro de 2019

Outubro

Um poema: 



a página

A página roxa destes dias
fez crescer flores amarelecidas
e folhas a perderem-se ressequidas
no meu coração desalentado.
Tinha uma porta entreaberta.
Então, vi-te lá dentro
de braços abertos a chamar-me…
A página roxa destes dias tinha
a página branca à minha espera.
E comecei a escrever-te em mim…


                                Teresa Ferrer Passos

(in Teresa Ferrer Passos e Fernando Henrique de Passos, A Montanha ou a Peregrinação do Amor, Hora de Ler, Leiria, 2019, p.19)

* * *


Dias de sol esplendoroso nuns lugares e a fecharem-se em nuvens densas de negro em outros; tudo isto tanto por dentro como por fora de nós, pobres criaturas incapazes de ir mais longe e mais fundo e esmagar o mal.
    3/10/2019 (texto também publicado no Grupo Letras e Aguarelas, in Facebook, 4/10/2019)                                                                                                     
                                                                                       T.F.P.

* * *

Um homem velho é como uma folha seca que insiste em esvoaçar, satisfazendo-se mesmo com o vento mais arrasador que o cerca.
   
3/10/2019
                                                                                                                                 T.F.P.

quarta-feira, 2 de outubro de 2019

A verdadeira fé

A Virgem Maria com o Menino Jesus

Tem uma verdadeira fé aquele que nada o guiando, vê mesmo assim, seguindo sem interrogar. 
  
2/10/2019
  
T.F.P.

terça-feira, 1 de outubro de 2019

«Sem pretensões de posse única da verdade»?

Considero esta expressão uma contradição à mensagem de Jesus Cristo: «Sem pretensões de posse única da verdade» Trata-se de um artigo de Enzo Bianchi intitulado «Escutar o grito dos povos indígenas», publicado em Mensageiro de Santo António, edição internética). Lembro apenas duas frases de Jesus, o Filho de Deus: “Ide levar a Boa Nova (o Evangelho) até aos confins do mundo”(Mt 29, 18-20, etc); e não deixou de dizer também: “Eu sou o Caminho, a Verdade e a Vida” (Jo 14, 6, etc). Jesus é a Verdade e a Sua Verdade só pode ser única. Por isso, devemos levá-La até todas as periferias do mundo para que todos A possam seguir. Devemos transmiti-La, num espírito de fraternidade com os povos indígenas, para que aqueles que A não conhecem possam segui-La e Salvar-se. Mas terão sempre a liberdade de não A seguir.

 1 de Outubro de 2019

Teresa Ferrer Passos (comentário publicado em Mensageiro de Santo António)