quarta-feira, 21 de março de 2018

Páscoa / 2018

Entrada triunfal de Jesus em Jerusalém

                                                
«Ouvindo a grande multidão, que viera à Festa, que Jesus ia chegar a Jerusalém, tomou ramos de palmeira e saiu ao seu encontro, clamando: "Hossana! Bendito seja Aquele que vem em nome do Senhor, O Rei de Israel!"»
                          Jo 12, 12-13



«(...) Perante todas estas vozes que gritam, o melhor antídoto é olhar a cruz de Cristo e deixar-se interpelar pelo seu último grito. Cristo morreu, gritando o seu amor por cada um de nós: por jovens e idosos, santos e pecadores, amor pelos do seu tempo e pelos do nosso tempo.»

Da Homilia do Papa Francisco no Domingo de Ramos (24/3/2018)


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«Estando já próximo da descida do monte das Oliveiras, começou a multidão dos discípulos a louvar alegremente a Deus, em alta voz, por todos os milagres que tinham visto, dizendo: "Bendito seja o Rei que vem em nome do Senhor!". 
Alguns fariseus disseram-Lhe, do meio da multidão:"Mestre, repreende os teus discípulos".
Jesus retorquiu:
"Digo-vos que, se eles se calarem, gritarão as pedras"»
Lc 19, 37-40


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A morte de Jesus, rei dos judeus, na cruz 
                
NA CRUZ, PARA SEMPRE?

Jesus pendurado na cruz
há dois mil anos. Vejo-o com a paz
num corpo imóvel.
Morto. E morto, continua ali,
abandonado, de olhar sem luz.
Ninguém o vê descer
da cruz. Porquê, não sei.
Sei apenas que o escárnio,
o cuspo e o insulto de há dois mil anos
continuam, hoje, pregados
no seu rosto. Sem movimento algum
que lembre uma mudança.
A glória permanece nele, contudo.
É imensa. É eterna. É vitória.
Porém, ninguém parece dar por isso. 

Quinta-Feira Santa, 29/3/2018

                                       Teresa Ferrer Passos


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Na tarde desse dia, o primeiro da semana, veio Jesus e disse-lhes:
 "A paz seja convosco". Jo 20, 19


RESSURREIÇÃO

Ressurreição é muito, muito mais
Do que mera reversão da morte,
Do que voltarmos a ser tão vivos como antes,
Mortais mais uma vez,
Sujeitos à mesma condição,
À mesma tirania,
Cujo ferrete nos marcou
Antes até do nosso nascimento;
Ressuscitar não é voltar a ser,
Ressuscitar é ser de outra maneira.

Os fios físico-químicos da teia que nos prende
Podem romper-se
Como os fios do casulo da lagarta
Que teve de morrer
A fim de que um dia renascesse
Sob uma nova forma.

E Cristo escancara as portas do mistério,
Mostra os motivos da nossa servidão,
Aponta ao longe a liberdade,
Muito para além das grades de uma lógica
Que nos descreve o mundo como Lei
Da qual despontam as ordens mecânicas do medo.

Transformemos o nosso ser em confiança
E mergulhemos, de olhos bem abertos,
No oceano infinito do Amor…

Sexta-Feira Santa, 30/3/2018

             Fernando Henrique de Passos


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Crucifixão de Giotto (século XIV)

PARA ALÉM DE MIM


A dor de um pesadelo penetra no meu sangue,
o pesadelo da cruz que carrego nos dias,
dias intermináveis, esgotados, sem fim.

Ó Maria, o olhar do teu coração de Mãe sangra 
devagar no meu tronco enviesado em sombra.

Ó Maria, Mãe atravessada pelo meu pó 
feito do universo inteiro, pega-me na mão!

Ó Maria, Esposa num silêncio vago, de susto, 
as tuas lágrimas flagelam
a verdade do mundo inteiro.

21 de Março de 2018
                                                       Teresa Ferrer Passos


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Flores no deserto de Judá

ACERCA DA PAIXÃO DE CRISTO


Não é possível conceber situações físicas em que a distância de A a B seja diferente da distância de B a A, mas no mundo do Espírito isso pode acontecer, e é de facto o que acontece na relação de Deus com o Homem: Deus vê o Homem infinitamente perto, pois habita no seu interior; o Homem vê Deus infinitamente longe, pois só tem olhos para o exterior. Na Encarnação, para se tornar próximo do Homem, Deus tornou-se exterior a ele. Assim, o Homem conseguiu ver Deus ao pé de si, mas ao mesmo tempo Deus passou a sentir-se infinitamente distante do Homem, porque separado dele como nunca fora. A agonia da cruz é o paroxismo desta separação ─ aquilo que em teologia se chama derrelição. O que nós vemos na Paixão como tortura física deve ser para Deus uma picada de alfinete. (De resto, infelizmente, muitos homens passaram já por torturas semelhantes ou até piores.) Mas essa dor física representa-nos a dor que nós não podemos ver: a dor espiritual, verdadeiramente infinita, do Criador que se vê apartado das Suas criaturas.

15/4/2017 (e Páscoa/2018)
Fernando Henrique de Passos




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«Ninguém jamais viu a Deus: o Filho único, que está no seio do Pai é que O deu a conhecer»
Jo 1, 18


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