quinta-feira, 5 de novembro de 2015

Rosas de Santa Teresinha



O RESGATE DE SANTA TERESINHA




O poema que ontem compusemos
Não foi escrito com tinta nem papel:
Escrevemo-lo no dia que acontece
Como quem reza baixinho alguma prece.

O poema que ontem compusemos
Não foi escrito com tinta nem papel:
Foi escrito em nós por quem jamais se esquece
De dar alento à luz sempre que a luz esmorece.

O poema que ontem compusemos
Não foi escrito com tinta nem papel:
Nasceu como fruto da memória
Do dia em que te dei um certo anel…


5/11/2015

                  Fernando Henrique de Passos




A MORTE DA ROSEIRA 




O dia era cinza nas nuvens disformes
a agitarem as gotas de chuva sobre a roseira,
a pender de rosas de Santa Teresa do Menino Jesus.

De súbito, agitado senti o coração. Que acontecia?
Cheguei à janela. Vi três jardineiros
a chegarem junto da bela roseira.
Levavam a máquina de cortar e as mãos
com luvas de proteção. A camioneta ao lado,
com as bermas descaídas esperava a roseira
a respirar vida.
O som da máquina trovejou. Os ramos tombaram
nas mãos inclementes.
As rosas choravam as gotas perdidas da chuva piedosa.
Pétalas sepultavam-se no relvado vermelho de revolta.
Os troncos abraçavam ainda as rosas.
Estavam a ser sepultadas na estupidez
de ordens superiores, dos grandes senhores...
Corri a dizer-te. E tu gritaste. Parem!
E nós, prostrados, chorámos
abraçados. Depois, a máquina emudeceu.
Voltamos à janela. Havia ainda uns fracos troncos.
Com rosas!
Os três jardineiros tinham desaparecido.
E chorámos de novo. De alegria. 

5 de Novembro de 2015 (no 22º aniversário do nosso noivado)

                                        Teresa Ferrer Passos

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